sábado, 18 de maio de 2013

Histórias contadas pela dor


 O que poderia ser feito em 10 minutos, levou 8 horas para ser realizado

Quando eu recebi alta pela primeira vez e vim com a sonda pra casa, aconteceu uma coisa que vale a pena contar.

Quando amanheceu o dia, eu notei que a sonda tava muito fora do meu nariz, e que assim não ia dar pra me alimentar, então o que fazer? chamamos o SAMU e fomos pra Santa Casa pra tentar reposiciona-la, chegamos lá as 8 da manhã, e como sempre só tinha um médico, e este mesmo estava no Centro Cirurgico e não tinha hora pra voltar, nesse dia era feriado e tinha mais de 80 pacientes na emergencia esperando atendimento, eu fiquei sentado numa cadeira na emergencia esperando pelo médico pra ver como seria resolvido o meu problema, só que o tempo foi passando e nada do médico voltar, enquanto isso minha glicemia ia baixando, pois já era meio dia e nada de alimentação pra mim, eu fui ficando sonolento e como estava chuvendo forte e o ar condicionado da emergencia tambem é muito forte, eu comecei a tremer e a sentir calafrios, porem eu não podia dizer nada, pois não tinha mais voz pra me defender, apenas fiquei sentado num canto me tremendo de frio e nada do médico chegar, enquanto isso ia aumentando a quantidade de gente que precisava de atendimento na emergencia, e eu esperando pacientemente, quando foi 3 e meia o médico chegou e me atendeu logo, como era só pra reposionar uma sonda ele chamou uma enfermeira para me atender, ela veio, eu liguei para o Dr. Marcos Aurelio em Fortaleza e ele explicou como seria feito o procedimento, e em 5 minutos a sonda foi recolocada no lugar e eu pude voltar pra casa pra me alimentar tranquilo. 10 minutos depois eu bati um Raio X pra ver se a sonda tava no lugar certo e fui embora.

M
ORAL DA HISTORIA

Eu passei 8 horas na sala da emegencia da Santa Casa pra fazer um procedimento que levou apenas 10 minutos pra ser feito, durante esse tempo eu poderia pegar várias infecções, pois sou traquiostomizado, e o traquiostomo é uma grande fonte de infecção, nesse dia faltou tudo, faltou médico e faltou respeito, não só por mim, mais por todos aqueles que querem ser tratados como gente e com seus direitos respeitados.

Passei vários dias sentindo caláfrios, e mesmo com o calor imenso de Sobral, eu não podia ligar o ventilador, pois o frio no meu corpo era intenso, e toda vez que eu lembrava daquele dia na Santa Casa eu passava mal, tanto foi minha raiva que só agora estou conseguindo contar essa historia.
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