sábado, 21 de setembro de 2013

SUPERAÇÃO EM UMA TRAJETORIA DE LUTA

MINHA IRMÃ LURDES LIMPANDO MEU TAQUEOSTROMO, VEIO A FALECER UMA SEMANA DEPOIS DESSA FOTO
Nesta minha luta pela sobrevivência diante de doenças e dificuldades, muitas coisas boas e ruins aconteceram, e muitas delas vale apena contar.
O mês de maio foi um dos mais dificeis pra mim, perdi minha irmã tragicamente em um acidente e era o mês que me livrava da sonda e começava a me alimentar normal, era tambem para ser o inicio da radio e quimioterapia, porem como eu tinha uma fistula no esofâgo e não podia me alimentar normal, acabei passando mais de 3 meses me alimentando por uma sonda no nariz, então numa consulta o médico tirou a sonda e me autorizou a me alimentar pela boca, mais pediu que eu tivesse paciencia e fosse devagar, pois podia correr o risco de um engasgo ou de uma outra fistula. 
Um dia viajando a Fortaleza eu fui comer uma canja e por ironia do destino acabei me engasgando, e com o engasgo não passava mais nada, nem agua, e com isso passei 1 dia sem comer e beber, falando com Dr. Cicero Silverio, ele me encaminhou urgente pra santa casa pedindo internação e soro para idratar, pois minha glicemia tambem tava baixando demais. Fui para Santa Casa e lá não fui nem atendido, o médico disse que eu fosse pra unidade mixta porque lá era mais facil tratar deste meu caso, por mim tudo bem, eu fui, o que eu queria mesmo era resolver o meu problema que já começava a me incomodar, pois era chato não poder nem beber agua. Na Unidade Mixta o enfermeiro falou que eu tinha que ser atendido no PSF do meu bairro, e eu comecei a achar que a coisa não ia ser fácil pra mim, eu podia ir pra Fortaleza e lá resolvia o prolema na hora, mais eu tinha que ser atendido rápido, pois jápassava de 24 horas sem me alimentar e eu já começava a me sentir fraco e desidratado, porem pra minha sorte o enfermeiro me reconheceu e me levou para ser atendido pelo médico que tava no plantão. Enquanto isso minha glicemia ia baixando, jpá tava em 60, e eo risco de uma hiporglicemia era eminente, então quando o médico me chamou eu escutei os maiores absurdos que eu ouvi na minha vida, foi mais ou menos assim.
O que aconteceu? perguntou o médico. 
Eu respondi escrevendo; que tinha feito Laringectomia Total e que tinha CA DE LARINGE, e que havia me engasgado ao tomar uma canja e não conseguia me alimentar. 
O médico então falou: Se voce tem CA DE LARINGE e não consegue engolir, então é porque o tumor já chegou no esofago e com isso qualquer coisa pode acontecer, é uma pena porque voce é jovem, mais assim é a vida, todo mundo morre um dia, eu também um dia vou morrer falou o médico.
Eu olhei pra cara dele e apenas sorri, lamentei não ter voz para lhe dizer umas verdades, mais deixei o julgamento pra Deus, pois eu me conheço bem e sabia que aquilo ali era apenas um engasgo causado por passar 3 meses com a sonda e que eu precisava me adaptar para ter alimentação normal. Fiz de conta que concordava com ele e fui tomar o soro pra depois ir pra casa, porem no outro dia cedinho as 7 horas da manhã eu já estava em Fortaleza no HUWC onde fui internado e posicionado uma sonda. passei mais 20 dias com a sonda, mas tambem com 2 dias saiu o engasgo e eu fiquei me alimentando tambem pela boca. 

O que o médico falou pra mim que eu ia morrer podia até ter me abalado, mais para quem passou pelo o que eu passei, aquilo era café pequeno, porque eu não discuto a capacidade de um médico, mais tambem conheço a minha capacidade para entender e respeitar meus limites, e sabia que aquelas palavras ditas por ele, poderia causar um efeito devastador se eu não fosse preparado para enfrentar esse tipo de situação, mais como sempre digo, a doença tem seus aliados, mais os meus são mais fortes.
Isso tudo provou que perder a voz não tirou só meu meio de comunicação, tirou tambem minha arma de defeza, pois sem voz não tem argumentação, mas eu não posso reclamar, pois Deus me deu discernimento para saber separar e aceitar o que as pessoas falam, claro que o médico não quiz mim ofender, nem mim amedrontar, mais o que ele falou poderia ter sido medido em suas palavras, pois a ética pede que o paciente seja poupado de qualquer constrangimento. 
Por isso que digo que tenho muita sorte, e que ter aparecido o Hospital Universitario na minha vida, não foi só um lance do destino, foi também um presente de Deus.